Literatura, resenhas de livros e dicas de leitura

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Resenha: Caixa de Pássaros [Bird Box] (Leituras 2020 – 10/20)

Chegando à metade das minhas leituras programadas para este ano, falarei aqui sobre “Caixa de Pássaros (Bird Box)”, de Josh Malerman.

Trata-se de um livro de terror e suspense que teve uma recente adaptação num filme original Netflix, muito bem-sucedido e protagonizado por Sandra Bullock. A versão brasileira do livro, inclusive, carrega o nome original junto para fortalecer o marketing por conta do filme, que ficou mundialmente conhecido como “Bird Box”.

O livro e o filme seguem um enredo quase idêntico, então caso você tenha visto o filme (como eu fiz), o livro serve mais como um complemento da história ou uma análise de técnica de escrita (que foi o motivo principal pelo qual li). Após ver o filme e ouvir alguns podcasts sobre o assunto, tive o interesse na leitura despertado pois as opiniões eram de que a escrita do autor era muito boa e que o modo como ele conduziu a história no livro é muito envolvente e deixa o leitor apreensivo, mas vou deixar estas questões para a próxima seção, “opinião”.

A história do livro gira em torno de Malorie, uma mulher que se descobre grávida no exato momento em que o mundo começa a ser assolado por um mal desconhecido, algo que faz as pessoas se tornarem violentas, homicidas e suicidas quando entram em contato visual. Esta premissa é a mais importante do livro, tudo gira em torno da visão. Os personagens precisam viver de olhos fechados ou usando vendas quando saem de casa, pois não se sabe se as “criaturas” estarão lá para serem vistas ou não.

O clima crescente de medo evolui em duas linhas narrativas paralelas. Na primeira, Malorie navega com os filhos pequenos num barco, todos vendados, buscando um abrigo e segurança. Na segunda, é contada a história em ordem (quase) cronológica de como ela chegou a esta situação e os eventos (quase todos extremamente violentos e tensos) pelos quais passou.

OPINIÃO:

Caixa de pássaros é um livro curto e deve ser lido o mais rapidamente possível, como todo bom livro de terror, para que o leitor não perca a sensação de imersão. Por este motivo,  reservei um tempo para ler o livro em 3 dias (ou noites, mais especificamente, e é muito interessante a sensação de ler um livro de terror às duas da madrugada). Confesso que, mesmo sabendo que a escrita do autor era fluida, fiquei impressionado.

Josh Malerman usa constantes fluxos de consciência da personagem principal para causar suspense e terror, deixando o leitor transtornado. Ele simplesmente abole o uso de pontuação e abusa das caixas altas e repetições de frases e palavras para dar ênfase no estado mental da personagem. Logo na primeira vez, o senso de urgência é ativado e você começa automaticamente a sentir a tensão.

Outro ponto que merece atenção é a narrativa das cenas que ocorrem com os personagens vendados ou de olhos fechados. A exploração apenas de outros sentidos que não a visão merece destaque, pois causa uma estranheza ao leitor e, ao mesmo tempo, exige uma sensibilidade maior para “viver” a cena na nossa cabeça. 

A história em duas linhas narrativas é envolvente. É claro que teria sido muito mais impressionante se eu não conhecesse o enredo antes pelo filme e soubesse para onde a história estava indo. Caso você ainda não tenha assistido, recomendo ler o livro antes. Mesmo assim, fui surpreendido no terço final do livro com uma vontade de terminar a história o quanto antes (e aí está o motivo de eu me pegar lendo isso desesperadamente às duas da manhã invés de calmamente numa manhã de sábado ou domingo de quarentena, como qualquer pessoa normal).

Aliás, o fato de estarmos vivendo agora uma situação de quarentena em que não devemos sair de casa (diferente do livro, no qual não se pode sair de casa), também colabora para a sensação da leitura ficar mais envolvente.

O livro é muito bem escrito, peca apenas por alguns pontos que estão “sobrando”, como alguns personagens que não colaboram muito para a trama e estão ali apenas para compor o cenário. Apesar disso, o livro é excelente e vale a leitura.

NOTA PARA A LEITURA: 9/10

Não vou dar spoilers do livro nesta resenha pois acredito que a maior parte das pessoas que lerá já assistiu ao filme. E eles são praticamente iguais, em termos de enredo. O que muda é a narrativa e a escrita do leitor. Logo, recomendo a leitura e aviso que pessoas mais sensíveis talvez se sintam agredidas com tanta escatologia.

Por Rafael D’Abruzzo

Resenha: Vulgo Grace (Leituras 2020 – 9/20)

Mais de dois anos após assistir à série homônima na Netflix, li “Vulgo Grace”, da Margaret Atwood, a obra original que é objeto desta resenha.

Eu estava para ler este livro há um bom tempo, desde que o comprei após assistir à série, mas optei por deixar a história “sentar” na minha cabeça, o que significa que esqueci mais de 80% da história como geralmente acontece com minha memória ridiculamente curta. Pois bem, li o livro recentemente com “olhos quase novatos” e o resultado foi muito bom. Consegui me surpreender com a história e, embora me lembrasse de algumas cenas do seriado, o início e o final do livro continuaram sendo surpreendentes, então a leitura foi muito positiva.


O livro é um romance histórico que (re)conta a história do assassinato de Thomas Kinnear e Nancy Montgomery pelas mãos de James McDermott e Grace Marks. O crime realmente ocorreu em 1843 e é apresentado logo no começo, sem ser considerado um spoiler (já que não existe spoiler em História). James McDermott foi condenado e enforcado por assassinato e Grace Marks foi condenada à prisão perpétua por conta de sua idade à época do crime, tendo sido considerada nova demais para a pena capital.


O que este livro faz é trazer uma história onde a História tem lacunas. O que realmente pensava Grace Marks? Ela era de fato um demônio manipulador, como disse a mídia da época? Ou era apenas uma garota com medo de um assassino que a envolveu no crime sem seu consentimento? Era “esperta e sedutora como o diabo”, como alegou seu comparsa ou “quase idiota, analfabeta e ignorante”, como alegou seu advogado para comutar a pena de morte em prisão perpétua?


No livro, acompanhamos a perspectiva de Grace e de um médico/psiquiatra/psicólogo (à época, não havia muita distinção e os métodos eram inovadores), Dr. Simon Jordan, que se interessa pelo caso dela e busca entendê-lo pelo viés psicológico. Através de entrevistas com a própria Grace na prisão e coletando dados sobre o crime, o Dr. Jordan busca desvendar quem, de fato, é Grace Marks.

OPINIÃO:

O livro é muito cativante. A personagem de Grace, como apresentado pela autora, é encantadora pois parece alternadamente inocente e culpada aos olhos do leitor, conforme a história avança. Existe uma dubiedade do início ao fim e isso contribui muito para uma trama ser formada onde já houve inclusive julgamento e condenação.


As personagens são muito bem elaboradas, especialmente a de Grace do Dr. Jordan, mas mesmo os personagens coadjuvantes são, em sua maioria, aprofundados e palpáveis. Assim como em “O Conto da Aia”, Margaret Atwood fez um excelente trabalho de caracterização e envolve o leitor que passa a se importar com os personagens que, inclusive, já viveram e morreram na vida real.


As descrições do livro são muito detalhadas para a época em que se passa a história. A autora fez um trabalho pesado de pesquisa em documentos históricos e o resultado é uma ambientação completa que ajuda o leitor a “escapar” para dentro do livro, vivendo parcialmente aquela época em que se passa a história. É um ótimo exemplo do escapismo literário que batiza este humilde blog.


Como ponto negativo, o livro é longo demais. São 509 páginas que poderiam facilmente ser 400. Algumas subtramas estão “sobrando” na história e poderiam facilmente ser cortadas sem prejuízo para o resultado final. Há parágrafos de devaneios igualmente longos que, após determinado momento na história, tornam-se maçantes. Por mais que a história seja ótima e os personagens precisem ser esmiuçados psicologicamente para entendermos suas nuances, o livro peca neste aspecto. Não tira o brilho da história contada, mas sim do livro em si, que poderia ser mais curto.


Ainda assim, recomendo muito a leitura do livro. Talvez os pontos que eu tenha achado cansativos sejam justamente os pontos que outro leitor gostará. Esta é a magia da literatura: não há um consenso do que é bom ou ruim em determinada técnica narrativa.


A história do livro é muito boa, a ambientação é incrível e a autora leva o leitor até o final, embora com alguma resistência, a saber o que se passou de verdade naquela história. Com reflexões sobre os costumes da época, o machismo e os preconceitos, “Vulgo Grace” é uma leitura interessante nesta época caótica em que vivemos.

NOTA PARA A LEITURA: 8/10

Sem mais delongas, iniciamos a análise do final da obra com os SPOILERS. Siga por sua conta e risco.

Conforme já apontado antes, não existem spoilers na História. O fato de que Grace e McDermott foram julgados e condenados, que os assassinatos realmente ocorreram e que Grace foi perdoada e solta após quase 30 anos de encarceramento são todos dados históricos.


O que o livro nos conta são as histórias de Grace antes, durante e depois do encarceramento. Seu passado sofrido de imigrante, os abusos do pai alcoólatra, a perda da melhor amiga pouco antes de assumir o trabalho na casa do Sr. Kinnear, os assédios sofridos, sexuais e morais, por diversas pessoas. Enfim, a história do livro suplanta as lacunas da História.


Quanto ao segundo “personagem principal”, Dr. Jordan, o mesmo é inteiramente ficcional e representa uma das correntes médicas da época, que buscava tratar dos insanos e loucos como pessoas e não como animais. Ele se envolve com Grace e termina apaixonado por ela, embora não tenha se declarado em momento algum. Sua vida é uma sucessão de fracassos e não é dado ao romantismo. Fica claro para o leitor que seu envolvimento com Grace acaba sendo mais uma obsessão profissional (que ele confunde por paixão pessoal), fruto de uma mente tão perturbada quanto a da própria Grace. Na história do Dr. Jordan, inclusive, é onde se encontram as passagens mais tediosas do livro. De toda forma, é um personagem interessante, embora “aprofundado demais”.


Desta forma, falar em “spoilers” neste livro é bastante complexo, pois o final da história já é entregue no começo ou a qualquer um que procure a história do crime na internet. O que se vê é o crescimento dos personagens e como eles se tornam importantes para o leitor, conforme a leitura avança.

Por Rafael D’Abruzzo

Resenha: Blade Runner / Androides sonham com ovelhas elétricas? (Leituras 2020 – 4/20)

Neste post vou dar minhas impressões sobre o livro “Androides sonham com ovelhas elétricas?”, de Philip K. Dick. Ou, como ficou amplamente conhecido por conta do filme de Ridley Scott: Blade Runner.

Inicialmente, um aviso para quem viu o filme: a história do filme e do livro são quase totalmente diferentes. Apenas foram utilizados os nomes dos personagens e a investigação principal. Até mesmo a atmosfera do livro é diferente da do filme. Entendo isso como algo positivo, pois você pode absorver histórias diferentes e comparar suas impressões.

No livro, acompanhamos a história de Rick Deckard, um caçador de recompensas da polícia de São Francisco num futuro distópico no qual a Terra está parcialmente inabitável por ter sido super explorada, com a humanidade migrando para outros planetas e restando, na Terra, apenas os indivíduos marginalizados ou de baixo QI, afetados pela radiação do planeta, oriunda de uma guerra nuclear.

Neste ambiente, os poucos habitantes da terra buscam ser donos de animais verdadeiros, o que é símbolo de status num planeta cuja vida animal foi praticamente extinta, e os que não têm recursos para tanto adquirem versões elétricas e artificiais, réplicas perfeitas e quase indistinguíveis dos animais originais a ponto de parecerem, de fato, vivas. Deckard, no caso, é dono de uma ovelha elétrica (daí o nome do livro).

A trama do livro envolve uma crise moral do protagonistas, que se vê questionando seu trabalho pela primeira vez. Seu trabalho consiste em “aposentar” (ou matar, se estivessem vivos) androides que estão ilegalmente na Terra. Deckard sempre executou seu trabalho sem questionamentos até ser obrigado a caçar um grupo de androides Nexus-6 de última geração, chefiado por Roy Batty, vendo-se numa trama envolvendo uma amante androide e inimigos que parecem tão humanos quanto ele próprio.

O que permite que o protagonista distinga os androides dos humanos é que apenas as pessoas têm empatia e, assim, os androides falham no teste de empatia Voight-Kampff. Empatia, aliás, é um dos principais pontos do livro, havendo inclusive uma religião voltada para isso, o Mercerismo, que gira em torno de Wilbur Mercer. Há uma caixa de empatia, uma espécie de vídeo game na qual as pessoas podem se sintonizar com essa entidade chamada Mercer que está sempre subindo uma montanha e sendo apedrejado, possibilitando aos adeptos da caixa sentirem as dores de Mercer e até mesmo serem machucados de verdade durante a experiência.

Nem os animais elétricos e suas implicações sociais, nem o Mercerismo e nem mesmo a esposa de Deckard estão na trama do filme. Foi uma surpresa interessante ler um livro e perceber um universo muito além do filme, mas complementar.

OPINIÃO: Gosto muito de Blade Runner, o filme, e isso talvez tenha influenciado minha opinião, pois me senti forçado a gostar do livro desde o começo. É, de fato, um ótimo livro, mas senti falta do peso da atmosfera do filme com o qual estou acostumado.

Não obstante, gostei muito do livro. Ele traz questionamentos muito diferentes do filme, em diversas esferas. Enquanto a preocupação principal do filme é mostrar que humanos e androides não são tão diferentes, o livro se aprofunda muito mais no que é de fato ser humano, especialmente numa sociedade apodrecida e cheia de impressões falsas, tão artificiais como a ovelha de Deckard. No livro, também, encontramos reflexões sobre consumismo e religião, trazendo nuances que inserem o leitor na obra com mais profundidade.

Recomendo a leitura do livro, é a melhor obra de Philip K. Dick que já li.

NOTA PARA A LEITURA: 9/10.

Sem mais delongas, iniciamos a análise do final da obra com os SPOILERS. Siga por sua conta e risco.

O livro inicia com Deckard recebendo a missão de caçar os androides fugitivos. Para isso, precisa conversar com representantes da empresa que os cria e, assim, conhece Rachel, uma androide pela qual se apaixona, embora seja casado e questione se é possível ter sentimentos por algo que não está vivo, propriamente dito. Pouco antes do desfecho do livro, inclusive, ele chega a dormir com ela, trazendo um dos diálogos mais profundos do livro, no qual Rachel revela que já dormiu com diversos caçadores de androides e sua função é justamente desestabilizar tais profissionais emocionalmente.

Deckard “aposenta” os androides fugitivos um a um, inclusive uma sósia de Rachel, questionando cada vez mais seu trabalho e pensando no que fazer com o dinheiro ganho das recompensas. Após aposentar 3 dos 6 androides, consegue dinheiro para comprar uma cabra de verdade, trazendo uma enorme alegria à sua vida, mas por pouco tempo, uma vez que a cabra é morta por Rachel quando ele decide continuar sua caçada aos androides restantes mesmo após dormir com ela.

Após destruir todos os androides, Deckard busca se isolar no Oregon, região dos EUA totalmente devastada pela guerra nuclear. Lá, ele encontra um sapo que julga ser de verdade e leva o animal para casa. Chegando em casa, sua esposa mostra que o sapo é elétrico, devolvendo Deckard para o status inicial do livro: sem dinheiro e dono de um animal postiço, fechando o ciclo de mediocridade que permeia a vida do personagem.

Por Rafael D’Abruzzo

Resenha: O Sal das Lágrimas (Leituras 2020 – 3/20)

A terceira leitura do ano foi O Sal das Lágrimas, de Ruta Sepetys.

O livro é ambientado nos momentos finais da segunda guerra mundial e foca num grupo heterogêneo que busca a própria sobrevivência em território alemão prestes a ser invadido pela Rússia.

A autora é filha de um lituano refugiado e, além das memórias familiares, fez um pesado trabalho de pesquisa histórica para escrever o livro que trata de um acontecimento real: o afundamento, pelos russos, de um navio alemão chamado Wilhelm Gustloff no início de 1945, vitimando mais de 9 mil refugiados, inclusive mulheres e crianças. É o pior desastre marítimo da história, superando em seis vezes o número de mortos em relação ao Titanic.

O livro trata da história de quatro jovens que têm o destino entrelaçado em algum momento do livro. Joana é uma enfermeira lituana que foi aceita na Alemanha nazista por uma das políticas hitleristas, mas foi obrigada a deixar a família para trás e tem um passado trágico. Florian é um soldado prussiano que finge estar a serviço do Reich, mas está numa missão pessoal contra o alto escalão nazista. Emília é uma adolescente polonesa que está ilegal em território nazista e tem um segredo terrível que carrega consigo. Por fim, Alfred é um marinheiro do mais baixo escalão nazista, narcisista e com sonhos de grandeza após uma vida de humilhações por não ser considerado exatamente o arquétipo da juventude hitlerista. Sua história é contada através principalmente de cartas nas quais interage com uma jovem alemã vizinha de sua família, contando seus inventados feitos de guerra enquanto limpa banheiros no navio.

Os três primeiros personagens encontram Alfred na metade do livro, mais ou menos, e acabam dependendo dele para embarcarem e se manterem no navio para fugir.

Uma história de luta, tragédia e dor, contada com muito sentimento pela autora. Vale a leitura, sem dúvida, ainda mais por se tratar de um livro de segunda guerra mundial sob uma ótica diferente da de sempre.

OPINIÃO: Gostei muito do livro, achei o ponto de vista dos protagonistas diversificados e complementares entre si.

Cada um é assombrado por algum sentimento conflitante e tem um objetivo definido. As motivações são compreensíveis e factíveis, embora eu entenda que a carga romântica colocada na história é desnecessária e até traduz um contrassenso para um momento tão difícil da vida dos personagens. Senti que há um romance forçado na trama e isso atrapalha um pouco a experiência.

Fora isso, a história é ótima, faz você refletir sobre “o outro lado da guerra” e as cenas de violência causam impacto no leitor, já que são apresentadas “de repente”, como se espera de uma guerra, em que não há anúncio prévio de um bombardeio, por exemplo.

A autora apresenta sentimentos diversos em seus personagens e lida muito bem com as consequências que cada escolha traz ao grupo. Muito bem escrito.

NOTA PARA A LEITURA: 8/10

Sem mais delongas, iniciamos a análise do final da obra com os SPOILERS. Siga por sua conta e risco.

Com o avanço da história, descobrimos os segredos dos protagonistas: Joana abandonou a família e deixou a irmã para morrer. Florian está traindo o Reich contrabandeando uma obra de arte cobiçada por Hitler, a quem odeia já que seu pai foi morto pela polícia nazista por ter participado do atentado da operação valquiria. Emília foi estuprada por soldados russos após ser entregue por uma mãe nazista para proteger a própria filha. Alfred é fraco, mimado e denunciou sua amada, para quem escreve, causando sua desgraça.

Quando finalmente o embarque no navio começa, Alfred busca seu reconhecimento ajudando Florian, que se apresenta como um soldado em missão especial pelo alto escalão nazista. Joana é recrutada como enfermeira e ajuda no parto de Emília.

Quando o navio é atacado, Emília sucumbe, mas o bebê é salvo por Florian. Alfred entra num surto psicótico e morre de uma forma patética, como foi sua vida até então. Florian e Joana constituem uma família (o romance forçado do livro), criando a filha de Emília.

O livro acaba com uma carta de uma mulher a Florian, tornando pública a história de Emília e daquele grupo que sobreviveu ao maior desastre marítimo de todos os tempos.

Por Rafael D’Abruzzo

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