Hoje falo sobre o livro “Mestre das Chamas”, de Joe Hill. Um romance apocalíptico (e pós-apocalíptico) que explora a natureza da humanidade em situações extremas.

“Mestre das Chamas” retrata um futuro incerto (mas próximo) no qual um fungo causa uma pandemia global, dizimando boa parte da humanidade. A questão toda é que este fungo causa uma doença popularmente chamada de “escama do dragão”, pois causa infecção na pele dos doentes, levando a combustões espontâneas. Assim, os infectados pegam fogo em poucos dias e morrem.
O clima de terror do livro é dado por conta da incerteza (ao menos no começo) de como se pega a doença e se existe uma cura. É aí que entra a personagem principal do livro. Harper Grayson / Harper Willowes é uma enfermeira de escola que começa a trabalhar num hospital para ajudar durante a pandemia. O casamento com Jakob é abalado quando ela descobre estar grávida no meio do apocalipse e destruído quando ela se descobre infectada com a doença.
Após um episódio de violência do marido ela recebe ajuda de John, um homem vestido de bombeiro (daí o título original do livro: “Fireman”), para fugir e acaba num acampamento escondido onde dezenas de infectados coexistem com a doença e aprenderam a controlá-la, entrando para o “Brilho”, uma espécie de transe catártico coletivo provocado pela doença.
A partir deste ponto, as tramas e subtramas se entrelaçam, o relacionamento dela com John e os demais membros do acampamento se desenvolvem e as dificuldades voltam a aparecer. De “caçadores de infectados” a motins, este livro tem tudo o que se espera de uma sociedade pós-apocalíptica (especialmente nos EUA).
Um fato interessante é que Joe Hill é filho de Stephen King, mas não usa seu sobrenome para evitar surfar tanto na onda da fama de seu pai. Sua escrita é competente e envolve o leitor. Foi o primeiro livro do autor que li e pretendo ler outros.
OPINIÃO: “Mestre das Chamas” me parece ser um livro do tipo “ame ou odeie”. A escrita do autor é muito divagada em alguns momentos, lembrando um pouco Tolkien que é famoso por longas divagações e descrições. Para os que apreciam parágrafos longos que quebram o ritmo do livro, isto não incomodará. Para leitores com um pouco mais de dificuldade de manter o foco na leitura, pode ser um problema.
Sobre a trama, confesso que gostei muito. Gosto de histórias apocalípticas e pós-apocalípticas e esta foi uma grata surpresa. Peguei o livro de graça numa promoção da Amazon e fui sem grandes expectativas. A leitura se revelou agradável e a história muito bem pensada. Até do final eu gostei, e geralmente sempre acho que este tipo de história termina mal ou de forma pouco satisfatória.
Claro que o livro tem alguns problemas. As relações entre os personagens por vezes parecem simplórias e alguns personagens são unilaterais. Isto não seria um problema se o livro fosse um pouco mais curto, mas em quase 700 páginas espera-se que todos os personagens sejam bem-desenvolvidos. Esta queixa não se aplica aos principais, pois são realmente bem aprofundados e cheios de nuances.
“Mestre das Chamas” traz ótimas reflexões sobre a natureza humana, uma ambientação muito interessante e bons personagens. Vale a leitura.
NOTA PARA A LEITURA: 7/10
Por Rafael D’Abruzzo
Leave a Reply