Em 2020 tenho como objetivo ler, pelo menos, 20 livros (não é nada cabalístico, é só uma meta pessoal com base na leitura de aproximadamente dois livros por mês), além de alguns livros técnicos de escrita e outros assuntos que não computarei na conta. Assim, pretendo resenhar estes 20 (ou, com sorte, mais) livros ao longo do ano aqui. Por isto, este é o post 1/20. Você pode acompanhar minhas leituras pelo Goodreads.
O primeiro livro que li este ano foi A cor da Magia, o primeiro volume do universo Discworld, de Terry Pratchett. Vindo de Pratchett (co-autor de Belas Maldições junto com Neil Gaiman), podemos esperar uma boa dose de risadas e situações esdrúxulas. E é exatamente isso que encontramos neste livro.

Primeiramente, cabe conceituar o que é o Discworld: um mundo plano (super atual em tempos de terraplanistas), sustentado nos ombros de quatro elefantes gigantescos que, por sua vez, se equilibram sobre o casco de uma enorme tartaruga, a grande A’Tuin. O Discworld é, além de improvável cientificamente, dotado de grande magia.
Logo no início da história temos os dois personagens principais, o mago fracassado Rincewind e o turista Duasflor, escapando de um incêndio causado por este último em uma das principais cidades do Discworld, Ankh-Morpork. A jornada desta improvável dupla é comandada (sem que eles saibam) por um jogo de tabuleiro controlado pelos deuses daquele mundo. Outros personagens recorrentes são o Morte (literalmente a morte e impressionantemente cativante) e o bárbaro Hrun, que sempre dá um jeito de escapar das situações mais improváveis sem grandes problemas, como só os heróis geralmente o fazem. Além disso, há a caixa mágica de Duasflor, um baú de viagem mágico dotado de centenas de pares de pernas que faz de tudo para proteger seu dono.
A história se desenrola entre situações absurdas e desfechos improváveis, coordenados pela mente habilidosa de Terry Pratchett, que confere um ar de humor a toda a história no melhor estilo Douglas Adams.
OPINIÃO: O único ponto negativo da história, talvez por ser um livro introdutório a um universo tão fantástico, é que A Cor da Magia acaba por vezes sendo maçante. As aventuras que se sucedem durante o livro tornam-se, por vezes, cansativas para o leitor. Há muita informação nas páginas que somente serão utilizadas em volumes futuros e que ficam “jogadas” durante a leitura, confundindo o leitor que quer avançar na leitura e se vê no meio de uma explicação sobre algum aspecto do mundo que é irrelevante para aquela trama específica.
Já nos pontos positivos, temos a construção de um mundo incrível e non-sense por excelência, baseado num mito hindu, mas adaptado para suportar as situações que o roteiro pede. O humor que permeia todo o livro é ótimo, quebrando as cenas de fuga, luta e heroísmo sem perder a cadência. Rincewind, o personagem através do qual enxergamos o mundo, é carismático e flerta com a figura do anti-herói, enquanto Duasflor é o recurso de roteiro que impele a história para a frente, sendo um turista (o único no Discworld) destemido, que acredita que nada de ruim acontecerá a ele.
É um ótimo livro, apesar da ressalva no início desta opinião, e fiquei motivado para ler mais algumas histórias deste incrível universo criado por Terry Pratchett.
NOTA PARA A LEITURA: 7/10.
Observação: Esta resenha, excepcionalmente, não terá a sessão de análise com spoilers, pois cada situação na história é diferente, quase desconexas entre si, e o livro termina com um gancho para o volume seguinte que este humilde resenhista ainda não teve a oportunidade de ler. Logo, dar informações sobre o final do livro aqui não acarretaria em nada para esta resenha além de, justamente, um spoiler gratuito.
Por Rafael D’Abruzzo
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